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A Lingua Indshi
A Lingua Indshi

Língua iídiche Iídiche (ייִדיש) Falado em: Holanda, Bélgica, Israel,Hungria, Romênia, Polônia,Lituânia, Estados Unidos,Canadá, Argentina, Brasil,Bielorrússia, Rússia,Moldávia. Total de falantes: 3,2 milhões Família: Indo-europeia Germânica Ocidental Alto alemão Iídiche (ייִדיש) Estatuto oficial Língua oficial de: Suécia, como língua minoritária O iídiche ou ídiche[1] (ייִדיש, transl.yídish ou אידיש, transl. ídish, do alemão jüdisch [deutsch], "judeu", "judaico") é uma língua da família indo-europeia, pertencente ao subgrupo germânico, tendo sido adotada por judeus, particularmente na Europa Central e na Europa Oriental, no segundo milênio, que a escrevem utilizando os caracteres hebraicos. Atualmente, o iídiche é falado especialmente nas comunidades judaicas dos seguintes países: Alemanha, Argentina, Estados Unidos da América,Bélgica, França, Israel, Lituânia, Rússia, Brasil, Ucrânia, Canadá. Dois grupos principais utilizam atualmente o iídiche: judeus ortodoxos no mundo inteiro, especialmente os ultra-ortodoxos (mesmo os residindo em Israel e Nova York), e judeus seculares, de idade avançada ou não, que valorizam suas raízes. O iídiche se desenvolveu dentro da cultura asquenazita, a partir do século X na Europa central e oriental, e se espalhou para outras regiões do planeta com a emigração de seus praticantes. O nome "iídiche" passou a ser usado para designar o idioma somente a partir do século XVIII; antes disso, já era a principal língua falada pelos judeus da cultura asquenazita. O idioma é fruto de uma compilação linguística diversificada: 1. O germânico (dominante do ponto de vista fonético) derivado das variedades urbanas medievais do alto-alemão médio falado nas fronteiras; 2. Dialetos modernos, como o eslavo, do polonês, ucraniano, bielorrusso e russo; 3. O semita, derivado do hebraico e do aramaico pós-clássicos, cujo alfabeto é usado para representação fonética e escrita. De forma simplificada, pode-se dizer que o iídiche é o idioma germânico escrito com caracteres do alfabeto hebraico moderno e em sentido oposto (ou seja, escrita sinistrorsa, escrita e lida da direita para a esquerda) ao da escrita ocidental. Na prática, os três componentes contribuíram em maior ou menor grau na fonologia, morfologia, sintaxe e semântica da língua. • Origens A origem do iídiche remonta à época medieval germânica. Por vários séculos, houve uma migração de judeus para várias regiões da Europa. Os judeus miscigenados com a população daEuropa Central e da Europa Oriental, de origem nórdica e eslava, formaram um grupo que passou a ser conhecido como asquenazitas. O termo "asquenaze" (ashkenazi) tem sua origem em um vocábulo germânico que designava o povo que vivia na região onde hoje fica a Alemanha, e foi apropriado pelos judeus que se estabeleceram nesta área. Durante muito tempo, este grupo foi a minoria da população judaica mundial, estando concentrada nas regiões centrais e orientais da Europa; porém, em um período mais recente, a população asquenazita cresceu e se espalhou pelo mundo, tornando assim o idioma iídiche mais difundido. Os judeus asquenazitas são etnicamente diferentes dos chamados judeus sefarditas, de ascendência árabe e originalmente emigrados para a Espanha, Europa Mediterrânea, África, e de outros países mediterrâneos ao redor do paralelo 33. Do ponto de vista religioso, os asquenazitas se estabeleceram simbolicamente como um grupo independente a partir do édito contra a poligamia, de Rabeynu Gershom (aprox. 960-1028); este édito os distanciou da autoridade rabínica oriental tradicional. Para não perderem sua identidade cultural e religiosa, os asquenazitas adotaram uma forma mista de escrita, usando os caracteres do hebraico para anotar a descrição fonética do idioma da região em que se encontravam. Assim, mesmo com restrições (o hebraico é escrito sem vogais), os imigrantes judeus escreveram textos bíblicos em alemão, espanhol ou francês, usando a forma escrita que lhes era familiar. Com o tempo, a expansão da população asquenazita em direção ao leste levou a uma diferenciação de dois dialetos iídiches: ocidental (com maior influência germânica) e oriental (com influência de linguagens eslavas). Além da influência fonética, os caracteres escritos do iídiche oriental mostram a influência da escrita de outras tribos locais, como godos e dos visigodos. Relação com idiomas semíticos As comunidades judaicas instaladas na Europa adotavam três línguas: hebraico, aramaico e iídiche. Todas as três dispunham de representação escrita, mas somente o iídiche poderia ser considerado um idioma vernacular. Por essa razão, o iídiche foi empregado em princípio para obras laicas e correspondência privada. Para a correspondência comunitária, comentários bíblicos e toda uma série de documentos era utilizado o hebraico. Já o aramaico era utilizado para os textos mais importantes, incluindo os tratados oficiais (especialmente comentários sobre o Talmud) e a Cabala (misticismo judaico). Desenvolvimento histórico Ao longo de sua história, os falantes de iídiche quase sempre foram bilíngues, usando o alfabeto aramaico para a escrita, mas com normas ortográficas próprias. Podem-se distinguir três períodos para a língua iídiche:  Iídiche primitivo (até 1250) e evidenciado por pequenos textos;  Iídiche antigo (cerca de 1250 a 1500). Desde o século XII ao século XVI os asquenazitas espalharam-se pelos territórios eslavos (atuais Polônia, Ucrânia, Bielorrússia, Rússia e Lituânia) e sua língua adotou elementos eslavos.  Iídiche médio (1500-1700). Período no qual o centro de gravidade se desloca para o leste.  Iídiche moderno (a partir de 1700). Do século XVII em diante a língua diferia suficientemente da dos judeus habitantes das regiões falantes de línguas germânicas, o que justificou a divisão entre iídiche oriental e ocidental. Essa última variante começou a declinar no final do século XVIII e desapareceu quase completamente durante o século XIX. Ao contrário, no leste durante o século XIX, a língua ressurgiu, pois os artistas, socialistas e propagandistas religiosos, em lugar do hebraico, alemão ou eslavo, usavam a língua falada pelo povo judeu: o iídiche. Em 1908 em conferência realizada em Czernowitz (na atual Ucrânia), o iídiche foi aceito como “língua nacional do povo judeu”. O iídiche continuou florescendo na literatura, teatro e imprensa, sendo a língua da educação, com Varsóvia e Vilniuscomo seus centros intelectuais, desenvolvendo-se uma língua normativa a partir dos dialetos do iídiche polonês e lituano. O período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial foi caracterizado pela dispersão de seis milhões de judeus que habitavam os países vizinhos à Alemanha, o que permitiu aos sobreviventes a inclusão de mais alguns idiomas, o russo, da antiga União Soviética, o inglês da América do Norte e do aramaico jordaniano. A exemplo dos mórmons na América do Norte, houve tentativa de criar-se uma região judia dentro da ex-URSS, uma espécie de Comunidade Autônoma situada no extremo oriental da Sibéria, mas o experimento não obteve êxito, embora a região - o Birobidjão (Birobidjan - ainda exista oficialmente como Oblast (Distrito) Autônomo Judaico, dentro da Federação Russa. Dados Atualmente calcula-se que cerca de 1 milhão a 3,2 milhões de judeus falam o iídiche, a metade dos quais residente nos Estados Unidos. É mantido especialmente em comunidades ortodoxas, onde é usado entre seus membros como a língua do grupo, o hebraico é reservado para a religião e a língua local para o contato com as pessoas de fora da comunidade. Em 1995 a União Europeia aprovou uma resolução pela qual se garantia apoio à língua e à cultura iídiche. O iídiche continua sendo mantido como língua vernácula natural entre muitos grupos de judeus "ultra-ortodoxos", hasidi (chasidim) ou não, encarregados de conservar o asquenazi como uma civilização em toda sua totalidade. A forte resistência à assimilação e as altas porcentagens da natalidade têm levado os demógrafos a prever que, em cerca de cem anos, haverá um milhão dechasidim falando iídiche. Atualmente, contam com comunidades numerosas em Antuérpia, Londres e vínculos muito estreitos com os centros mais importantes nos Estados Unidos e em Israel. Já se pensou em trocar os caracteres hebraicos por fontes de outros idiomas como o inglês, que seriam “mais fáceis de memorizar”, e modificar também o sentido da escrita, que passaria a ser da esquerda para a direita (para uso dos destros), no entanto, para alguns instrutores essa mudança incluiria o aspecto saudosista da questão e que procuram transferir do passado, muito importante para endossar a credibilidade nas escrituras. Dialetos No seu momento de máxima expansão geográfica (século XVI), o iídiche englobava dos Países Baixos e Itália a oeste até a Rússia a leste. O iídiche ocidental, variante mais antiga, compreendia por sua vez o iídiche norte-ocidental (Países Baixos, norte da Alemanha e Dinamarca) e o iídiche sul-ocidental (Alsácia, Suíça e sul da Alemanha). O iídiche oriental, por sua vez, contava com três dialetos principais: o norte-oriental (Lituânia, Bielorrússia, Letônia) conhecido popularmente como lituano; o centro-oriental (Polônia e Hungria), denominado popularmente polonês e o sul-oriental (Ucrânia e Romênia), conhecido geralmente como ucraniano ou volínio. Os dialetos atuais são so seguintes:  central, também denominado polonês ou polaco;  setentrional ou lituano, mesmo que se estenda por grandes áreas do território bielorrusso;  meridional ou ucraniano. Por similaridade, o iídiche aplicado em diversas partes da Europa está servindo de exemplo à evolução do idioma universal esperanto "caso esse viesse a ser aplicado mundialmente". Nesse sentido, o critério fonológico adotado no iídiche ao longo dos tempos e dos lugares, abriu-se num leque de variantes para a pronúncia de uma única frase “comprar carne”: em iídiche ocidentalkafn flash, no central kojfn flash, no sul-oriental kojfn flejs e no norte-oriental kefjn flejs. Outras diferenças fonológicas e léxicas demonstram também que o dialeto central é diferenciado e distingue-se por um jogo completo de contrastes na duração da vogal, enquanto o segmento sul-oriental sofre os efeitos de trocas vocálicas originando palavras como hont mão, huz casa e rignchuva, e no dialeto norte-oriental houve a perda do gênero neutro, demonstrando em todos esses casos que o idioma, por ser uma criação espontânea do meio, não pode ser criado nem recriado. O iídiche normativo está inspirado na pronúncia pelos dialetos setentrionais ainda que a gramática tenha influência meridional. O alemão contribuiu também com a normatização do iídiche, especialmente por aqueles que acreditavam ser o iídiche uma corruptela do alemão. Escrita O iídiche utiliza como escrita uma adaptação do alfabeto hebraico e escreve-se da direita para a esquerda. Como sua fonologia é estranha ao árabe ou ao hebraico, o iídiche usa o recurso dos dígrafos e outras letras modificadas conforme sua patognomônia, além dos caracteres tradicionais do hebraico. O modo de inscrever as vogais nesse alfabeto variou muito de acordo com o tempo e o lugar, sendo estas atualmente representadas através de caracteres especiais desenvolvidos para uso exclusivo do moderno hebraico. Gramática Atualmente, com a criação de Israel, uma das grandes influências do iídiche tem sido o vocabulário hebraico (ou mais exatamente hebraico-aramaico) e não só no que concerne ao uso religioso como também em palavras de uso cotidiano que não têm conexão particular com o modo de vida judeu. As palavras hebraico-aramaicas foram transportadas ao iídiche em sua pronúncia asquenazita, ainda que em Israel a pronúncia seja a dos judeus sefarditas. Quando as palavras hebraico-aramaicas passaram ao iídiche falado em Israel, usou-se a pronúncia do plural segundo as normas hebraicas, não mais segundo as normas alemãs. A outra grande influência na mutação do iídiche (essa mais antiga), foram as línguas eslavas, devido às migrações judaicas para o leste da Europa, junto com a expansão germânica da Idade Média e aproveitando a boa acolhida do príncipe Principe Boleslaw o Piedoso de Kaliz que concedia ao povo judeu tolerância religiosa e facilidades comerciais com leis diferenciadas aos cristãos da Polônia. Nessas regiões onde habitavam falantes eslavos, o iídiche foi submetido a forte influência léxica, morfológica, fonológica e sintática das línguas eslavas. Muitas palavras de uso cotidiano são eslavas de origem (káchke pato, do polonês kachka; táte pai, do tcheco tata). As vogais em iídiche normativo consistem das vogais simples i, e, a, o, u e os ditongos ej, aj, oj. Sob influência eslava surgiu uma série de consoantes palatais. A letra iídiche x que corresponde à alemã ch não possui variante palatal; o som /ng/ é simplesmente uma variante posicional de n, não havendo oclusiva glotal. As palavras de origem hebraico-aramaicas e eslavas introduziram uma rica variedade de grupos consonânticos que não existem no alemão. As desinências dos casos foram preservadas só no singular e aparecem em modificações dos substantivos mas raramente nos substantivos em si. Os casos dativo e acusativo fundiram-se no masculino, enquanto o nominativo e o acusativo fundem-se no feminino e no neutro. O sistema para formar substantivos plurais, de origem alemã, é enriquecido por elementos de origem hebraica. Com o passar do tempo, nota-se que, gradativamente, tanto no gênero quanto na forma plural, muitos substantivos vão-se diferenciando de seus similares alemães. O iídiche possui um sistema bem desenvolvido de diminutivos de origem alemã mas de base gramatical eslava onde, por tratar-se ainda de uma prótese cultural aplicada num alfabeto sem muitos recursos, os verbos são conjugados apenas no presente do indicativo, expressando-se nos demais tempos e modos mediante palavras auxiliares. Literatura iídiche A literatura iídiche desenvolveu-se bastante no século XIX. Escritores como Mendele Mocher Sforim, Sholom Aleichem, Y. L. Peretz e outros são considerados como os mais importantes na literatura judaica e mundial. Isaac Bashevis Singer ganhou o prêmio Nobel de Literatura pelas suas obras escritas em iídiche. [editar]Teatro iídiche Hoje há teatro iídiche em Israel, o Yiddish-Spiel. Referências 1. ↑ Portal da Língua Portuguesa – Dicionário de Estrangeirismos Bibliografia  HARSAHAV, Benjamin. O significado do iídiche. São Paulo: Perspectiva, 1994. 230p.(Coleção Estudos, 134).  KOGOS, Fred. 1001 provérbios em Iídiche. Sefer, 1999.